sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Questões sobre o pré-sal e educação

Temos dois problemas essências para que algo grandioso funcione no Brasil. O primeiro e a formação educacional dos trabalhadores. Não temos mão de obra qualificada. Diante disso, muitos projetos necessitam de pessoas de fora. Vagas são ocupadas por engenheiros que estão vindos de outros paises, por não termos quem faça o serviço.
O segundo problema é a falta de infraestrutura. Não temos estradas, portos, aeroportos, transporte, telefonia, energia elétrica, fornecedores com capacidade de fornecer o básico. Não temos sequer um sistema ferroviário decente.
Diante desses problemas o pré-sal, que muitos alardearam como sendo a salvação da lavoura dos problemas brasileiros, poderá emperrar e não gerar a riqueza que todos esperam. A previsão para a plena produção do pré-sal era 2020, mas a realidade, dadas as circunstâncias atuais, é isso ocorrer perto de 2025, 2030.


Como sou educador vou falar sobre o primeiro problema. A educação do país não é tratada com a seriedade necessária. Prova disso, é que não há avaliação para os professores. Desde o começo da carreira até o final, não existe uma avaliação sequer. Não dá para saber se o profissional ainda está habilitado a ministrar aula. O objetivo de se criar uma avaliação nacional dos docentes não é punir, mas sim corrigir os problemas encontrados.

Digo isso porque já vi muito professor que soletra as palavras ao ler um texto. É raro encontrar um professor com cultura geral, que fala um outro idioma, que possui doutorado (no Brasil, somente 0,08% dos professores do ensino fundamental brasileiro possuem doutorado), que sabe ler, escrever e interpretar um texto adequadamente, muitas vezes tem conhecimento somente da sua disciplina.
Em um país onde quase um terço da população acima de 15 anos não consegue compreender o significado de um texto simples, não dá para esperar que sejam profissionais capacitados para resolver os grandes problemas da nação.
Outra medida que deveria ser tomadas é, desde cedo, nas primeiras séries, separar o aluno bom do aluno ruim. Muito poderão me criticar dizendo que isso é segregar, discriminar, privilegiar os bons. Nada disso. O objetivo e constituir classes com alunos com a mesma capacidade cognitiva.
Separa-los em níveis A, B e C. Sendo A excelente, B regular e C pouco aproveitamento. Classe A com 30 alunos, B com 20 e C com 10. Dessa forma aqueles que têm menos capacidade para apropriar os conteúdos teriam professor auxiliar, tratamento diferenciado e individual, aulas em contra-turno (para isso que deve ser a escola integral).
Fazendo isso, pode-se trabalhar pedagogicamente com cada nível de diferentes formas. Não há como dar uma aula a um aluno que tem excelente capacidade de apropriação dos conteúdos com um que não a possui. Quando todos estão juntos, acaba-se privilegiando o mau aluno em detrimento do bom. Num jargão educacional: acaba-se barateando o ensino. Nivelando por baixo.
Prova de tudo isso são os números da educação no país. Hoje o Brasil ocupa o 53º lugar em educação, entre 65 países avaliados (PISA). Segundo o IBOPE, o analfabetismo funcional de pessoas entre 15 e 64 anos foi registrado em 28% no ano de 2009. Hoje, só 35% dos alunos de ensino médio são plenamente alfabetizados. A universidade brasileira, que devia estar entre as dez melhores do mundo - coerente com nossa posição de 6ª maior economia - não aparece nem entre as cem.
Se não tomarmos medidas que melhorem a educação, não sairemos de onde estamos. E não é aumentar os gastos com a educação que fará essa mudança. Gastaremos mais, sem qualidade. É rasgar dinheiro. Jogar no lixo. Um país cresce se houver, basicamente, produtividade – produzir mais com menos recursos, e isso só se faz com avanço tecnológico e eficiência. Isso só se consegue com educação de qualidade. 

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