quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Sobre Racismo no Futebol

Não tenho nenhuma pretensão de questionar se a repercussão ao ato da torcedora Patrícia Moreira, flagrada pelas câmeras no jogo entre Grêmio e Santos, na última quinta-feira, chamando o goleiro Aranha de 'macaco', foi exagerada ou não. O que faço é uma observação mais profunda, e quem sabe ainda não discutida nos meios de comunicação.
Desde que me conheço por gente, e isso já faz muito tempo, estando em estádios de futebol ou jogando, sempre ouvi ofensas dirigidas a qualquer jogador adversário, ao árbitro e auxiliares, membros da comissão técnica; proferidas por integrantes da torcida anfitriã. Sejam elas de cunho sexual, religioso, racista ou sobre a integridade moral da pessoal ofendida.
Sempre chamaram a mãe do árbitro de prostituta, os adversários de gay, homossexual, viado, corno, chifrudo e por ai vai. Por estarem em um ambiente que se entende como favorável e até aceitável esse tipo de prática, nunca se fez algo. Sempre se relevou. Não que isso seja correto ou aceitável.
Não há como negar que qualquer manifestação racista é horrorosa, seja ela em estádios ou qualquer lugar. O problema que prefiro abordar é que se dá mais ênfase à manifestação racista em relação a outra qualquer. Como por exemplo, no jogo entre São Paulo e Figueirense, no último domingo (31/08), quando foi cobrar uma falta próxima a área do adversário, o goleiro Rogério Cemi foi chamado de “viado”, inclusive com som ambiente. Ou seja, um cidadão pai de duas meninas, heterossexual, pode ser chamado de homossexual sem problema alguma. Sem ao menos haver menção em qualquer meio de comunicação sobre o ocorrido. Como se isso fosse normal (e é, em estádios).
Como se chamar a mãe do árbitro ou de qualquer pessoa de prostituta fosse aceitável e normal. A própria torcedora do Grêmio em depoimento admitiu que estava no local e que disse aquelas palavras. Mas negou que tenha intenção racista. Segundo ela, 'foi no embalo' da torcida.
Talvez uma atitude como a tomada pelo jogador brasileiro do Barcelona, Daniel Alves, ao ver torcedores jogarem bananas no gramado, pegou uma e comeu, surtisse mais efeito. 

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