domingo, 28 de setembro de 2014

Política, em vez de melhorar as coisas, acaba estragando.

Pode parecer coincidência, mas pode não ser.
No dia 14 de setembro o São Paulo fez sua melhor apresentação no campeonato brasileiro ao vencer o líder Cruzeiro por 2 x 0. Houve comentários dizendo que a partir daquele momento o tricolor paulista estava definitivamente na briga pelo título.
No dia 15, um dia após o feito diante do clube mineiro, estoura a crise que já havia uma semana. O presidente Carlos Miguel Aidar demitiu Juvenal Juvêncio do cargo de diretor das categorias de base do clube.
Do dia 15 até a rodada de ontem, onde o clube paulista perdeu em casa para o Fluminense, foram 4 partidas, sendo 3 derrotas e um empate, fez um ponto (rendimento de 8,33%). Sofreu 11 gols; média de 2,75 gols sofridos por partida, superior a do Palmeiras, pior defesa do campeonato. Pior até que a do Oeste, time que disputa a segundona, que é de 1,57.
Com esse aproveitamento, sem querer profetizar, o São Paulo periga caminhar para as colocações intermediárias. Isso não seria trágico se o tricolor não fosse um dos elencos mais completos do campeonato. Melhor até que o próprio Cruzeiro. E tem mais, o banco de reservas daria um bom time para disputar a primeira divisão tranquilamente.
Só para ter uma ideia de como o time está desorganizado dentro de campo, o lance do terceiro gol havia quatro jogadores em volta do Cícero, não havia qualquer possibilidade de construir uma jogada que fosse resultar em gol. Ao passar pelos quatro, Denílson faz falta desnecessária, que não só gerou o terceiro gol, como o deixou fora o próximo do jogo contra o Grêmio por levar cartão amarelo, também desnecessário.
Como acontece sempre no Brasil, a política, em vez de melhorar as coisas, acaba estragando.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Flagrantes de fisiologismo

Em qualquer país que se diz civilizado, devem existir instituições necessárias à manutenção da ordem, justiça e democracia, como por exemplo, os tribunais fiscalizadores (TCE e TCU) e o judiciário (STF, TRE, Ministério Público). Supõe-se que esses órgãos exerçam suas funções dentro do que determina a Constituição do país.
O problema é quando vemos casos como os que vou relatar adiante.
Notícia de semana atrás da conta de que mensagens da Casa Civil da Presidência da República revelam como funciona a troca de favores entre autoridades e seus padrinhos políticos. Ministro do TCU conseguiu indicar a esposa para o Superior Tribunal de Justiça e o irmão para o Tribunal Superior do Trabalho com a ajuda de Dilma Rousseff.
A notícia fala do ministro Walton Alencar: ele dava atenção especial a processos de interesse do governo em troca da nomeação da mulher para uma vaga no STJ. Ou seja, troca de favor explícito.
Só para esclarecer, o TCU tem a missão de identificar e punir quem rouba e desperdiça dinheiro público, seja um servidor de terceiro escalão, um ministro de Estado ou uma dezena de diretores da Petrobras. Enfrentar interesses poderosos é da natureza do trabalho do tribunal.
Tem mais: a Folha de São Paulo apurou que Luiz Fux, ministro do STF, procurou conselheiros e desembargadores para fazer pressão nomeação da filha para tribunal do Rio. Fato que fez a OAB alterar processo de escolha de indicados a desembargador. De oito conselheiros ouvidos, quatro relataram que o ministro lembrou, durante as conversas, quais processos de que cuidavam poderiam chegar ao STF. Três desembargadores contaram que Fux os lembrou da candidatura de Marianna (filha do ministro).
Só para esclarecer, o Supremo Tribunal Federal (STF) tem como função garantir que o poder público e todas as leis respeitem a Constituição. Por ser o maior órgão judiciário do país, também tem o status de corte política: cabe a ela julgar os crimes cometidos pelos representantes do alto escalão do governo, como presidente da República, senadores, deputados federais, ministros de Estado e procurador-geral da República.
Diante de somente dois fatos, mas é claro que deve haver mais, ficam os seguintes questionamentos: Quem fiscaliza quem nos fiscaliza? Quem  julga quem nos julga?


segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Por que não à Malthus?

Lendo o artigo de Roberto Rodrigues “Tecnologia em prol da sustentabilidade”, publicado na Folha de São Paulo de 22/09/2014, onde ele diz que a agricultura vai enfrentar diversos desafios no século 21, me vem à memória a velha teoria de Thomas Malthus. Nela ele alertava que o crescimento desordenado da população acarretaria na falta de alimentos para a população gerando como isso a fome. Malthus dizia que a população crescia em progressão algébrica (exponencial), enquanto que a produção de alimentos crescia em progressão aritmética (ponto).
Fazendo uma comparação com o que escreveu Malthus em 1797, ou seja, há 217 anos, em sua obra Ensaio Sobre a População, Rodrigues afirma que de acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), a população mundial deve chegar a 9 bilhões de pessoas em 2050. Esse crescimento demográfico vai impor a necessidade de produzir mais alimentos e fibras sem aumentar muito as fronteiras agrícolas, preservando o meio ambiente e em um cenário de redução da força de trabalho rural.
A teoria de Malthus caiu por terra por não levar em consideração o avanço tecnológico no setor agrícola, como por exemplo: mecanização, irrigação, melhoramento genético e etc. Outro fato foi que a população do planeta não duplicou a cada 25 anos, e a produção de alimentos acelerou-se graças ao desenvolvimento tecnológico.
Seguindo essa linha de pensamento, cabe ressaltar o uso de tecnologias inovadoras na agricultura é fundamental para aumentar a produtividade e, segundo Rodrigues, a biotecnologia é uma ferramenta poderosa. Dados do mais recente relatório do Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia mostram que os transgênicos, desde sua introdução, em 1996, deram importante contribuição para alcançar essa meta, afirma o ex-ministro da Agricultura.
Mesmo com todos os avanços, entendo que a teoria do pastor anglicano Malthus não pode ser desconsiderada. É claro que não se deve olhar apenas pelo lado da produção de alimentos, mas sim comparar o crescimento populacional em relação a outros fatores que podem causar desequilíbrio. Dentre eles: erradicar o analfabetismo, reduzir a mortalidade infantil, garantir saúde de qualidade à população carente, pleno emprego, respeito ao meio ambiente, coleta de lixo, consumo de água, combate às epidemias e outras doenças, mobilidade urbana, dentre outros.
Haverá em 2050, quando a população mundial deve chegar a 9 bilhões de pessoas, remédios, casas, escolas, hospitais, transporte, estradas, emprego, renda, democracia?

Será que seremos capazes de termos fraternidade, responsabilidade, lealdade, humildade, tolerância, flexibilidade, cortesia, compaixão, solidariedade, otimismo, perseverança, integridade, ética, perseverança, bondade, caridade?

Nada é absoluto

Quando fazemos uma afirmação ou ouvimos de alguém, não podemos considerar aquilo verdadeiro ou falso. Pode até ser uma coisa ou outra. Por isso entendo que nada é absoluto. No último post que publiquei, mostrei uma notícia que me deixou assustado: "Pesquisa diz que adoçantes artificiais podem aumentar risco de diabetes”. Expliquei o motivo do susto, dizendo que não dá para entender como um produto criado para evitar um mal, pode causar o mal que se evita!
Outra notícia que entra nesse rol de coisas que não podemos considerar absolutas é a de que mudança climática ajuda a restaurar camada de ozônio. Segundo a notícia, graças à mudança climática, a camada de ozônio (O3) que nos protege dos raios ultravioleta vem se restaurando mais rapidamente.
O estudo foi publicado neste mês pela OMM (Organização Meteorológica Mundial), em relatório científico sobre o problema. O documento aponta que, após ficar em níveis estagnados desde 2000, o ozônio estratosférico está finalmente se recuperando.
Sem dúvida que é uma boa notícia, mas não deixa de ser contraditória a muita coisa já publicada sobre o assunto.

Sobre isso cabe ressaltar que não é de hoje que algumas afirmações dadas como verdade, deixam de ser com o passar do tempo. Exemplo disso é o  ovo, que vem sendo objeto de uma reabilitação poucas vezes vista na história da Medicina. Aqueles que demonizaram os ovos como os maiores vilões da saúde do coração, começam a rever suas posições. Isso se deve a vários estudos, muitos deles com dezenas de milhares de participantes, que mostram de maneira muito convincente que a sua condenação foi uma espécie de julgamento sumário. Se fosse um julgamento criminal, seria um caso de erro jurídico. Analisadas as evidências, constatou-se um novo veredicto: o ovo está absolvido. E as provas, diga-se, não são poucas.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Pesquisa diz que adoçantes artificiais podem aumentar risco de diabetes

Olha essa notícia: “Pesquisa diz que adoçantes artificiais podem aumentar risco de diabetes”.
O Estudo foi feito por pesquisadores israelenses, que encontrou uma possível ligação entre o uso de adoçantes artificiais e o diabetes.
Criados para ajudar a manter a saúde, os adoçantes artificiais estão em vários tipos de alimentos. Mas os benefícios deles são questionados por um esse publicado na revista científica Nature.
A pesquisa do Instituto de Ciência Weitzmann, de Israel, feita com ratos e também com humanos, mostra que o uso constante do aspartame, da sucralose ou da sacarina pode aumentar o risco de desenvolver diabetes do tipo dois. O levantamento sugere ainda que pode haver relação entre o consumo de adoçante e o aumento de peso.
Segundo os cientistas, quando ingeridos, esses adoçantes passam diretamente para o intestino. Lá, eles podem afetar a função e a variedade das bactérias que integram a flora intestinal e que ajudam a digerir os alimentos. Ao fazer isso, os adoçantes acabariam prejudicando a habilidade do corpo de regular a quantidade de açúcar no sangue.

Para resumir, podemos dizer que aquilo que deveria ser usado para prevenir algo, pode causa o que se previne. É como se ao usar a camisinha poderíamos contrair uma doença ou engravidar a parceira. A comparação é absurda, mas convenhamos, essa notícia não deixa de ser também.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Sobre racismo no futebol - 2

Demétrio Magnoli é doutor em geografia humana, especialista em política internacional, escreveu, entre outros livros, 'Gota de Sangue - História do Pensamento Racial' (ed. Contexto), disse em um debate na TV Bandeirantes, no programa Canal Livre, que a distribuição de cotas raciais não tem nada a ver com inclusão social, é demagogia, e perigosa. E disse mais. Segundo ele a distribuição de cotas pode causar conflitos sociais, pois o filho do negro rico, que ganha vinte salários mínimos por mês, recebe cota; e o filho do branco com dois salários, não.
Diante desse relato, fiquei estarrecido com a notícia de que a torcedora do Grêmio Patricia Moreira da Silva, flagrada dirigindo insultos racistas ao goleiro Aranha, do Santos, teve sua casa incendiada em Porto Alegre nesta sexta-feira. Sua casa já havia sido apedrejada e foi alvo de ameaças. Vejam que aí já há indícios do que havia previsto Magnoli.
Como já disse em post do dia 04/09/2014, em http://celiodalvim.blog.uol.com.br/, não há como negar que qualquer manifestação racista é horrorosa, seja ela em estádios ou qualquer lugar. O problema é a repercussão que isso causa. Pessoas mal intencionadas podem fazer disso um conflito, com retaliações de ambas as partes. Os amigos da torcedora, caso saibam quem cometeu o ato de tentar incendiar a casa, podem revidar e fazer o mesmo. Ou seja, o que poderia ter se resolvido com atitudes simples, pode se transformar em algo mais profundo e grave.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Sobre pena no futebol brasileiro

No Brasil parece que tudo funciona em contrário ao senso comum. São vários os exemplos, principalmente na área jurídica. O crescimento dos processos judiciais no Brasil tem superado o aumento da população. Das 70 milhões de ações em tramitação no país em 2008, como exemplo, apenas 25 milhões foram julgados. Ou seja, sobraram 45 milhões sem julgamento. Isso são alguns exemplos de que em poucos anos haverá o colapso do sistema. As ações aumentarão numa proporção maior que a capacidade de julgamento. 
Fiz a introdução para entrar no mérito do questionamento que pretendo expor. A pergunta é: Qual é o senso comum do julgamento do jogador Petrus pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), que acolheu os argumentos do Corinthians e reduziu a punição ao jogador de seis meses para três jogos?
Não dá para entender como um tribunal aplica uma pena, que segundo muitos foi exagerada (seis meses), volta atrás e pune com apenas 3 partidas. Não há paridade, proporcionalidade entre uma e outra. Uma foi muito rigorosa e a outra muito branda. Nesta terça (9), os auditores do STJD entenderam que o gancho era muito pesado e atenderam o pedido do Corinthians de desqualificação do artigo.
Só para ilustrar, em 1978, Serginho Chulapa, jogador do São Paulo, foi punido por 14 meses – conhecida como uma das mais pesadas do futebol mundial. A punição o fez perder a Copa do Mundo da Argentina. O lance que originou a punição foi por suposta agressão (um pontapé) no bandeirinha Valdevaldo Rangel durante partida diante do Botafogo-SP.
Ou seja, 37 anos depois, onde o futebol ainda continua com a disciplina em baixa, as punições, que deveriam ser educativas, mais do que punitivas, parece ter perdido a noção disso.
O jogador Petrus claramente agrediu o árbitro. E é como se não houvesse acontecido nada. Chegou-se ao absurdo de um auditor pedir apenas uma partida.
Esse tipo de julgamento causa um mal ainda maior. A decisão pode virar jurisprudência. Agora, as agressões aos árbitros poderão ser interpretadas como sendo agressão ou não.
É por essas e outro que continuo tendo a percepção de que no Brasil as coisas continuam indo na direção contrária. Em vez de caminhamos à frente, patinamos ou retroagimos.  

Sobre Racismo no Futebol

Não tenho nenhuma pretensão de questionar se a repercussão ao ato da torcedora Patrícia Moreira, flagrada pelas câmeras no jogo entre Grêmio e Santos, na última quinta-feira, chamando o goleiro Aranha de 'macaco', foi exagerada ou não. O que faço é uma observação mais profunda, e quem sabe ainda não discutida nos meios de comunicação.
Desde que me conheço por gente, e isso já faz muito tempo, estando em estádios de futebol ou jogando, sempre ouvi ofensas dirigidas a qualquer jogador adversário, ao árbitro e auxiliares, membros da comissão técnica; proferidas por integrantes da torcida anfitriã. Sejam elas de cunho sexual, religioso, racista ou sobre a integridade moral da pessoal ofendida.
Sempre chamaram a mãe do árbitro de prostituta, os adversários de gay, homossexual, viado, corno, chifrudo e por ai vai. Por estarem em um ambiente que se entende como favorável e até aceitável esse tipo de prática, nunca se fez algo. Sempre se relevou. Não que isso seja correto ou aceitável.
Não há como negar que qualquer manifestação racista é horrorosa, seja ela em estádios ou qualquer lugar. O problema que prefiro abordar é que se dá mais ênfase à manifestação racista em relação a outra qualquer. Como por exemplo, no jogo entre São Paulo e Figueirense, no último domingo (31/08), quando foi cobrar uma falta próxima a área do adversário, o goleiro Rogério Cemi foi chamado de “viado”, inclusive com som ambiente. Ou seja, um cidadão pai de duas meninas, heterossexual, pode ser chamado de homossexual sem problema alguma. Sem ao menos haver menção em qualquer meio de comunicação sobre o ocorrido. Como se isso fosse normal (e é, em estádios).
Como se chamar a mãe do árbitro ou de qualquer pessoa de prostituta fosse aceitável e normal. A própria torcedora do Grêmio em depoimento admitiu que estava no local e que disse aquelas palavras. Mas negou que tenha intenção racista. Segundo ela, 'foi no embalo' da torcida.
Talvez uma atitude como a tomada pelo jogador brasileiro do Barcelona, Daniel Alves, ao ver torcedores jogarem bananas no gramado, pegou uma e comeu, surtisse mais efeito.