quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Sobre pena no futebol brasileiro

No Brasil parece que tudo funciona em contrário ao senso comum. São vários os exemplos, principalmente na área jurídica. O crescimento dos processos judiciais no Brasil tem superado o aumento da população. Das 70 milhões de ações em tramitação no país em 2008, como exemplo, apenas 25 milhões foram julgados. Ou seja, sobraram 45 milhões sem julgamento. Isso são alguns exemplos de que em poucos anos haverá o colapso do sistema. As ações aumentarão numa proporção maior que a capacidade de julgamento. 
Fiz a introdução para entrar no mérito do questionamento que pretendo expor. A pergunta é: Qual é o senso comum do julgamento do jogador Petrus pelo STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), que acolheu os argumentos do Corinthians e reduziu a punição ao jogador de seis meses para três jogos?
Não dá para entender como um tribunal aplica uma pena, que segundo muitos foi exagerada (seis meses), volta atrás e pune com apenas 3 partidas. Não há paridade, proporcionalidade entre uma e outra. Uma foi muito rigorosa e a outra muito branda. Nesta terça (9), os auditores do STJD entenderam que o gancho era muito pesado e atenderam o pedido do Corinthians de desqualificação do artigo.
Só para ilustrar, em 1978, Serginho Chulapa, jogador do São Paulo, foi punido por 14 meses – conhecida como uma das mais pesadas do futebol mundial. A punição o fez perder a Copa do Mundo da Argentina. O lance que originou a punição foi por suposta agressão (um pontapé) no bandeirinha Valdevaldo Rangel durante partida diante do Botafogo-SP.
Ou seja, 37 anos depois, onde o futebol ainda continua com a disciplina em baixa, as punições, que deveriam ser educativas, mais do que punitivas, parece ter perdido a noção disso.
O jogador Petrus claramente agrediu o árbitro. E é como se não houvesse acontecido nada. Chegou-se ao absurdo de um auditor pedir apenas uma partida.
Esse tipo de julgamento causa um mal ainda maior. A decisão pode virar jurisprudência. Agora, as agressões aos árbitros poderão ser interpretadas como sendo agressão ou não.
É por essas e outro que continuo tendo a percepção de que no Brasil as coisas continuam indo na direção contrária. Em vez de caminhamos à frente, patinamos ou retroagimos.  

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